Maior empreendimento de capital privado em instalação no País, além de ser também a captação mais importante já feita para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), no Ceará, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) só vai começar a operar no primeiro semestre de 2016. A previsão inicial era que o início das ações começasse ainda neste ano, mas representantes da CSP já sinalizavam para um possível adiamento, confirmado ontem pela Vale, que está construindo a usina de aço em parceria com a sul-coreana Posco e com a Dongkuk Steel Mil.

De acordo com o relatório financeiro da Vale, que teve como referência o segundo trimestre de 2015, “o start-up do projeto CSP foi adiado devido a greves de trabalhadores, rescisão de subcontrato com fornecedor e atrasos na liberação da alfândega”. Em junho último, contudo, o CEO da CSP, Sérgio Leite, já admitia, em entrevista ao Diário do Nordeste, a possibilidade do início das operações da siderúrgica ser adiado em função de atrasos em algumas obras de infraestrutura sob responsabilidade do poder público. “Está nas mãos do Governo do Estado”, disse.

Na época, a maior queixa do CEO da CSP dizia respeito às infraestruturas de recebimento de insumos e escoamento da produção. Segundo Leite, havia atraso principalmente no descarregador de navios e na correia transportadora, ambos equipamentos de recebimento do minério de ferro, principal matéria-prima para a produção do aço. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) disse ontem que “o Estado tomou todas as providências para sanar os possíveis atrasos apresentados com planos de recuperação de prazo”. Em nota, a secretaria afirmou que todos os serviços se encontram em andamento normal e não apresentam nenhum risco para o funcionamento da CSP.

Obras auxiliares

Ainda conforme a Seinfra, entre as obras que vão atender a CSP está a implantação dos berços de atracação 7, 8 e 9 do Terminal do Múltiplo Uso (TMUT), que permitirão a movimentação das placas da siderúrgica, e a construção da segunda ponte de acesso que faz a ligação entre o litoral, na região frontal ao Pátio de Cargas, e o Quebra-Mar Nordeste.

A secretaria informou que os berços 7 e 8 serão concluídos ainda este ano, mas o berço 9 tem previsão de conclusão somente no primeiro semestre de 2016. A segunda ponte de acesso também não estará finalizada em 2015, porém, diz a Seinfra, há a possibilidade de uso da ponte já existente. “A construção da segunda ponte, especificamente, sofreu um atraso porque precisou passar por uma readequação do projeto, uma vez que ela também atenderia a refinaria Premium II, projeto que foi descontinuado pela Petrobras”, ressalta o comunicado.

Sobre a nova correia transportadora de minérios no Cipp, a Seinfra informou que “já estão sendo realizados serviços preliminares, como as obras civis das fundações das torres de transferência e a fabricação da estrutura da correia. A estrada de serviço está concluída e a licença de instalação já foi concedida pela Semace”. Segundo a secretaria, o prazo de implantação é de 30 meses, contados a partir da assinatura da Ordem de Serviço (out/2013), sendo que, desse prazo, um total de 24 meses é para instalação e seis meses dedicados à operação assistida (fase de testes e ajustes do equipamento). Dessa forma, o término previsto no contrato é mesmo 2016.

Siderúrgica 90% concluída

Também através de sua assessoria, a CSP, confirmou que a conclusão de suas obras e o início da operação do empreendimento estão previstos para o primeiro semestre de 2016. Conforme a reportagem apurou, a siderúrgica está com 90,61% de execução total da obra, com a engenharia finalizada, suprimentos atingindo 98,76% e a construção em 80,14%, contando com um total aproximado de 12.500 trabalhadores na obra atualmente.

Também foi informado que a CSP, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BDNES) e duas agências coreanas, K-Exim e K-Sure, assinaram um contrato de financiamento de longo prazo no valor de US$ 3 bilhões. “A entrada desse recurso já estava prevista, por decisão dos próprios acionistas, e, nesse contexto, a siderúrgica continuará contribuindo para movimentar a economia local, gerando emprego e renda”, diz a nota.

Em seu quarto ano de obras, os acionistas da CSP já aplicaram no projeto da primeira usina siderúrgica integrada do Nordeste o montante de US$ 2,1 bilhões. O total de investimentos previstos para o empreendimento é de US$ 5,4 bilhões.

Investimentos

Em seu relatório financeiro, a Vale também afirmou que seus investimentos no projeto da siderúrgica caíram em mais da metade ante o previsto anteriormente, para US$ 1,224 bilhão, tendo em vista que a CSP irá financiar diretamente US$ 1,49 bilhão. De uma forma geral, os investimentos da mineradora no segundo trimestre de 2015 caíram 14,2% para US$ 2,119 bilhões na comparação com o mesmo período do ano passado, informou a empresa. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, a queda dos aportes foi de 4,1%. Do total gasto no trimestre, aliás, os minerais ferrosos foram destino de 60,2% do montante.

O balanço da Vale também revela que a empresa apresentou um lucro líquido de R$ 5,144 bilhões no segundo trimestre do ano, alta de 61,4% em relação ao observado um ano antes. A receita líquida no período de abril a junho somou R$ 21,44 bilhões, com recuo de 3% na mesma base de comparação. Os custos tiveram alta de 17,7%, para R$ 15,97 bilhões. Na comparação entre os segundos trimestres de 2014 e 2015, o resultado financeiro líquido da mineradora saiu de uma despesa de R$ 128,5 milhões para receita de 1,62 bilhão.

Fonte: FIEC e Cleto Gomes- Advogados Associados

 
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